Na minha adolescência, quando li Huxley, Orwell e até Burgess nunca pensei que, trinta e tal anos depois, a ficção seria ultrapassada pela realidade. Um mundo em que tudo era planeado e não havia enamoramento, em que as necessidades inconscientes mas subjacentes ao ser humano eram satisfeitas com uma injecção de paixão violenta.
Mal comparado, hoje é mais ou menos assim …a procura da excitação descartável da discoteca, a falta de regras das raves, a anulação do próprio indivíduo nas festas e orgias, o estado induzido pelas drogas e de uma forma geral, o conceito de “fast food” ou “fast phode”, associado às relações vazias de conteúdo e de afecto.
É como se houvesse uma inversão do binómio sexualidade-amor.
Existe um perigo subjacente às relações que é abandonarmo-nos ao amor, pelo sofrimento que ele pode causar, sobretudo quando a sexualidade é livre e a fidelidade deixou de ser considerada uma virtude e um dever essencial.
A linha ténue que separava ficção e realidade foi completamente derrubada … está prestes a ser testado um fármaco que permita “acender” e “apagar” o amor.
Enfim, o recurso a meios tecnológicos e químicos que possibilitem interferir naquilo que distingue o homem dos animais, só empobrece a humanidade.
O amor é um risco mas quem não o corre, vegeta!