Como todas as mães, a minha também me lia histórias de príncipes e princesas, quando o sono teimava em chegar. E finalmente, eu adormecia, embalada na sugestão que num futuro ainda longínquo, ele havia de aparecer, montado num cavalo branco ou conduzindo um Porshe Carrera Cabriolet. Todas as mães são dóceis e queridas e fazem-no com as melhores das intenções mas, passadas décadas, preferia que ela tivesse lido “Le deuxième sexe” de Simone de Beauvoir, mesmo que fosse uma tradução foleira, pois o francês que a minha mãe dominava na época, eram palavras simples, próprias das donas de casa exemplares (abat-jour, bouquet, camembert ou soutien-gorge). As mães de antigamente provavelmente não chegaram a perceber que as histórias de vida teimam em fugir ao enredo da simplificada fórmula literária “e viveram felizes para sempre”
domingo, 16 de janeiro de 2011
FairyTales vs FuckyTales
Os príncipes contemporâneos, deviam trazer, à semelhança dos iogurtes, um carimbo na testa com o prazo de validade antes de se tornarem azedos, de forma a poderem ser devolvidos à procedência e sermos ressarciadas do prejuízo inerente a um produto adulterado e com consequências imprevisíveis a nível de saúde pública.
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