sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Balancete de 2010

Se recuarmos à nossa adolescência, recordamos emoções únicas que nos arrepiam a pele, embrulham-nos o estômago em papel vertebral, provocam-nos insónias e alteram-nos o humor.

Quando chegamos ao “turning point” da nossa vida, por muito que mantenhamos rejuvenescido o espírito, a verdade é que uma grande parte dessas emoções desaparecem, embora a persistência do nosso subconsciente teime em mantê-las no limbo do nosso quotidiano.

A vida obriga-nos a uma rotina, onde muitos detalhes acabam por ser mecanizados. Um beijo lânguido e profundo que, na adolescência era capaz de nos transportar para uma dimensão paralela, espelha no seio de uma relação a dois, uma serenidade que, muitas vezes, acabamos por confundir com marasmo, rotina ou falta de paixão.

O grande problema é que, à medida que envelhecemos, temos uma necessidade compulsiva de nos sentirmos vivos, pois o nosso ego torna-se ávido, precisando de ser saciado amiúde.

Paradoxalmente, é bom e mau, faz-nos felizes mas vazios, mantem-nos vivos e morremos aos poucos porque perdemos a capacidade de gerir emocionalmente a situação.

Na gestão de sentimentos somos péssimos profissionais e frequentemente, o balancete do deve/haver toma proporções de autêntica bancarrota.



domingo, 12 de dezembro de 2010

The Love Equation


O amor romântico é como um traje que, como não é eterno, dura tanto quanto dura; e, em breve, sob a veste do ideal que formámos, que se esfacela, surge o corpo real da pessoa humana, em que o vestimos. O amor romântico, portanto, é um caminho de desilusão. Só o não é quando a desilusão, aceite desde o príncipio, decide variar de ideal constantemente, tecer constantemente nas oficinas da alma, novos trajes, com que constantemente se renove o aspecto da criatura, por eles vestida.

Nunca amamos ninguém. Amamos, tão somente, a ideia que fazemos de alguém. É um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos. Isso é verdade em toda a escala do amor. No amor sexual buscamos um prazer nosso dado por intermédio de um corpo estranho. No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa.

"Livro do desassossego" - Fernando Pessoa


sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Diário de necrologia


25 de Novembro de 2009 garantiu que não aumentaria impostos.

8 de Março de 2010 vangloriou-se: "O mais fácil seria aumentar impostos"

12 de Maio de 2010 estava satisfeito com crescimento no primeiro trimestre.

6 de Junho de 2010 garantiu que o mais recente aumento de impostos era suficiente.

2 de Julho de 2010 dizia que o crescimento do desemprego vai continuar a abrandar .

13 de Agosto de 2010 garantia que o crescimento do PIB no segundo trimestre consiste num "sinal de grande encorajamento e confiança para a recuperação da economia portuguesa".

24 de Agostro de 2010 afirmava que o crescimento da economia portuguesa, entre Janeiro e Junho, foi o dobro do previsto pelo Governo.

29 de Setembro de 2010 anuncia o segundo aumento de impostos do ano.



É o mais hábil desconversador que existe

Enfrenta a realidade de forma enviesada, pega numa ponta e começa a desbobinar. Especialista em lógica atabalhuada, vende ilusões descartáveis e fode-nos o quotidiano ... e não se pode exterminá-lo?



segunda-feira, 13 de setembro de 2010

7 Maravilhas - Portinho da Arrábida


Sebastião da Gama amava apaixonadamente a beleza da Arrábida. Descobrira-lhe todos os segredos, sabia qual era a melhor hora para estar na Mata do Solitário, para ver o mar em Alportuche, para subir ao Monte Abraão, para se isolar na Pedra da Anicha. Conhecia os tons do mar conforme o momento e o ponto de observação; sabia os sons da mata, de dia, de noite, conforme a direcção do vento. Quanto à solidão da Serra, durante muito tempo foi-lhe indispensável para a criação dos seus poemas. Creio que não há nenhuma poesia de Serra-Mãe que não fosse composta no Portinho ou na Serra.


Lindley Cintra, in Prefácio de "Serra-Mãe", de Sebastião da Gama


domingo, 12 de setembro de 2010

Checkmate


Se vida é um jogo, uma batalha, uma estratégia, uma competição constante que nos lança desafios onde se revela a nossa capacidade de perder ou ganhar, então o xadrez é uma metáfora para os vários intervenientes desta batalha, os seus métodos de combate e objectivos

Entre o Rei e a Rainha há três níveis de flanqueadores, o Bispo, o Cavalo e a Torre, cada qual com seu próprio estilo de movimento e conquista

O peão suporta o impacto da batalha e luta com recursos precários ... sem estratégia e com um avanço lento, próprio de quem tem horizontes limitados, é facilmente derrubado. Porém quando a firme determinação o faz avançar até ao seu objectivo, ele revela a Rainha que há em si e pode ser decisivo na conquista da vitória.


A rainha como peça fundamental, move-se astuciosamente com movimentos lânguidos, ora para a frente, ora para trás, até em situações oblíquas, o movimento é seguro e calculista.

O peão, por sua vez, conforma-se com os movimentos das outras peças, aceita ser pisado pelos cavalos, comido pela torres, sodomizado pelos bispos e até mesmo deixar-se morrer para salvar a rainha.

No entanto, esta figura, aparentemente insignificante, tem um papel fundamental no desenrolar de todo o jogo,.pois é a única peça que, caso consiga chegar ao “outro lado”, tem o poder de recuperar tudo o que foi perdido.


Assim, e perante a figura alegórica e patética do rei, o duelo entre as duas rainhas é, sem dúvida, o momento afrodisíaco do jogo



sábado, 11 de setembro de 2010

"Sharia, a invasão" - num cinema perto de si

A forma de pressão utilizada pelos muçulmanos para aterrorizar e, subconscientemente exercer um certo domínio sobre o ocidente, é o terrorismo, embora exista uma forma mais subtil e dissimulada e não menos ameaçadora - a táctica demográfica.
Na Europa já são 50 milhões e num futuro próximo receio que o Velho Continente, doente, gasto e cansado não consiga travar a promoção descarada da Sharia, cuja cultura fundamentalista e paleolítica acabará por se impor. Não têm nenhum respeito pelas normas e costumes dos países que os acolhem e ameaçam aplicar as leis do Corão ... enquanto os nossos miúdos andam entretidos com o Magalhães e o Facebook, a pedagogia muçulmana assenta essencialmente no método caseiro, mas eficaz.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Looney Tunes

José Sócrates não gosta que lhe torçam o braço e pelos vistos não é o único

Dominique Villepin também não gostou quando a italiana Enel lançou uma Opa sobre a francesa Suez. Luís Zapatero até teve de fazer fisioterapia quando a alemã E-On tentou lançar as garras à Endesa e até o inventor da terceira via (via verde para a libertinagem liberal) ficou cheio de nódoas negras quando a russa Gazprom assediou a Centrica.

Estes senhores, provenientes de áreas políticas tão diversificadas de direita, socialista ou liberal não hesitaram em arruinar o negócio dos seus parceiros europeus.

E o que fez a União Europeia? NADA.

Aqui, o 1º Ministro defende a empresa portuguesa com maior penetração internacional e então, já está a interferir no mercado livre de capitais que alimenta a gula especulativa.

Realmente somos um país muito pequenino e sem qualquer relevância no galinheiro europeu.

E o Coelho Sapiens aplaude com esta tirada de mestre “vamos acabar com o Estado Providência”, ou seja deixemos a regulação para os mercados e viva a anarquia.

O interesse nacional na utilização da golden share é semelhante ao interesse nacional quando Manuela Ferreira Leite obrigou a PT a comprar a rede fixa (que era do Estado) e assim realizar uma operação cosmética por forma a antecipar receitas extraordinárias que pudessem equilibrar o orçamento. Claro, no governo PSD, mesmo sem crise financeira internacional, as contas públicas também sofriam de síndrome vertiginoso.

E a visita de Aznar a Portugal dias antes da Telefónica aumentar o valor da oferta pela Vivo, não foi uma visita turística. É que Aznar, enquanto 1º ministro, nomeou Cesar Alierta em 2006 como presidente da Telefónica e, esta visita relâmpago para conversar com Cavaco Silva tem contornos tão evidentes como promíscuos. Aliás, política, jobs e promiscuidade andam sempre de braço dado. Por isso, o Coelho Sapiens anda tão excitado com esta marmelada toda, é que a alternância do poder já tarda … o PSD anda farto de manual jobs, quer um blow job à maneira.


sexta-feira, 2 de julho de 2010

A Nova Economia





Há dois séculos atrás, um escravo custava nos Estados Unidos, cerca de 30 000 euros.

Actualmente, um trabalhador sem documentação nem personalidade jurídica, custa 100 euros no mercado internacional.

Em Portugal, um trabalhador-escravo, custa 500 euros por mês e, mesmo assim, vivemos num défice de competitividade que impede a tão desejada dinamização económica.

Na China, expoente máximo da economia global, um escravo custa pouco mais de uma tijela de arroz, com a agravante de poder levar os filhos para o emprego.

Paralelamente às economias emergentes, emerge também uma nova Idade Média, uma era de desigualdades, uma sociedade sem dignidade e sem esperança … um mundo en que as pessoas parecem mais apavoradas com a sobrevivência do que com a morte.



sexta-feira, 14 de maio de 2010

Hoje não há missa


O Papa depois da visita ao Porto....só porque ia de vermelho!!!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

We are Family ... I got all my sisters with me!


A auto-estima dos portugueses é como o pelo de um gato: se lhe passam a mão num sentido, toda ela se compraz no afago. Se lha passam em sentido contrário, toda ela se arrepela. Dificilmente encontramos um meio-termo, porque a imagem que os outros fazem de nós é-nos essencial. Razões? Entre outras, o facto de sermos talvez o país mais periférico da Europa, o mais distante e isolado do coração do continente, onde tudo – a História - se passou e passa. Isto, se nos poupou a algumas das maiores violências dessa História, tornou-nos também num povo esquecido, e que se ressente disso a nível do inconsciente colectivo.

O nosso peso nos acontecimentos europeus sempre foi reduzido ou nulo – tirando as consequências da expansão marítima, imensas mas bem caracterizadas e localizados no tempo. As nossas contribuições no campo das ciências, da filosofia, das artes não vão além (quando vão) de notas de rodapé na história do espírito humano. Em alguns casos, nem sequer por demérito próprio, mas porque o afastamento do centro europeu não permitiu o reconhecimento (quero com isto dizer que temos um ou outro pintor, um ou outro músico, um ou outro sábio, e alguns escritores e poetas que talvez pudessem figurar com outro relevo nos compêndios se fossem italianos, flamengos, alemães, franceses ou mesmo espanhóis).

É contra este “esquecimento”, quase visto como uma fatalidade que a consciência portuguesa, melhor seria dizer, o inconsciente português – reage, por vezes de forma tão sensível e até provinciana. Falam tão pouco de nós, que quando falam, mesmo que seja para dizer mal, prestamos toda a atenção. Por isso vivemos tão intensamente os êxitos e os fracassos futebolísticos – porque eles são uma rara oportunidade de entrarmos em confronto directo com o estrangeiro sob o olhar de uma plateia internacional.

Hoje o tema de discussão centrou-se no lote de convocados para o Mundial 2010 e a partida de férias antecipada de Quim e João Moutinho. A visita de Sua Santidade (nome artístico, Bento XVI), também teve a relevância devida, pois além de dinamizar a nossa moribunda economia, tem subjacente a mensagem de paz, união e benzeduras, como forma de branquear acontecimentos que pouco ou nada têm a ver com os fundamentos cristãos.
O aumento do IVA e o assalto ao 13º mês, deverão ser encarados como dádivas celestiais que vão permitir que Portugal, a curto prazo, faça um exorcismo colectivo (mas só à conta dos papalvos do costume), que lhe permita erguer-se momentaneamente para imediatamente cair no fosso onde agoniza uma Europa moribunda, velha e retrógrada.
Acabou a pimenta da Índia, depois o ouro do Brasil, depois as coisas de África e os povos que roubamos outrora, chamam-se agora emergentes.
Resta-nos o Fado e, já agora, a resignação …

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Duche comunitário em prol do ambiente



A ecologia é uma marca que vende e as multinacionais não brincam em serviço.


A Axe lançou uma campanha publicitária mesmo a tempo da comemoração do 40º aniversário do dia da Terra, mas a mensagem subliminar não é a preservação da água, é sim, vender mais uma vez, a fantasia masculina mais trauliteira que existe.



domingo, 25 de abril de 2010

25 Abril data oficial da caça ao Coelho

É um Bugs Bunny muito fofo, porte majestoso, olhar sedutor, imagem cuidada, colocou o anão da ninhada fora de cena e, para ser perfeito só lhe falta ser primeiro ministro! Umas compras no Rodeo Drive e umas sessões de fotodepilação, vão transformá-lo no próximo “S. Bento Metrossexual Rabbit “.

É certo que lhe falta currículo, experiência governativa, conhecimento das causas e soluções para os problemas reais (ou melhor, republicanos), problemas esses que se vão arrastar por tempo (in)determinado, até nos vermos todos gregos.
Continua a insistir na ideia de que o desempregado é um subsídio dependente, esquecendo a situação angustiante de inúmeras famílias que querem trabalhar mas eu insisto que o problema mais grave são os tacho dependentes que os subsídio dependentes, enquanto trabalhadores activos, ajudaram a perpetuar.

A Constituição Portuguesa está a causar-lhe pruridos e, armado em Coelho Sapiens, até já opina sobre a sua revisão de forma a alterar a lei eleitoral para que fique salvaguardado o monopólio do “Bloco Central Liberal”, pronto para a libertinagem que se adivinha.
Mas Portugal não tem um problema constitucional, tem é problemas muito mais graves … de finanças públicas, economia, marasmo, corrupção, défice de ética e atitude.

Ângelo Correia, digníssimo guru da ninhada, diz que tanto Sócrates como Coelho, são muito bem parecidos e elegantes, a única diferença está no formato do nariz.
Pois o que me preocupa, é o nariz de uns largos milhões de portugueses que, independentemente de terem nariz aquilino ou nariz de batata, vão ter de cheirar esta merda toda.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Queres um orgasmo? Chama-lhe um Figo

Na vida de Luís Figo há uma relação muito intensa entre o orgasmo, os negócios, o futebol, e as causas sociais e esta quadrifonia proporciona-lhe vários tipo de orgasmo em alternativa ao fastidioso orgasmo straight.
O orgasmo por estimulação manual e cheque-in ocorre geralmente no Taguspark e pressupõe uma ou outra mãozinha marota devidamente apetrechada com uma Montblanc, sempre pronta a disparar. Nada de mal, se tivermos em conta que o produto deste orgasmo vai directamente para a sua “Fundição”.
O mítico ponto “G” está no imaginário masculino e Figo não foge à regra. É certo que, por mero desvio ortográfico, não conseguiu atingi-lo… ficou-se pelo “M”, mas ontem, inexplicavelmente, o tão esperado orgasmo, não passou de um amargo de boca chamado “coito interrompido".

quarta-feira, 24 de março de 2010

EcoSex e GreenPorno – Faça sexo a pensar no ambiente


Estamos todos de parabéns, 2010 promete ser o ano do sexo ecológico, com a publicação de 2 obras fodamentais para nos ajudar a libertar das feromonas envenadas com C02.
EcoSex e GreenPorno prometem ser campeões de vendas nos próximos tempos, porque “think green, fuck green” é fashion e porque devemos ser sensíveis a determinados pormenores para refrear o “global warming”.
Convém não esquecer que, para a queca ser perfeita, não basta o desejo exacerbado de partir a loiça toda. Há determinados comportamentos de risco para o meio ambiente que convém evitar, e seguir à risca as propostas de Stefanie Íris Weiss e Isabella Rossellini, caso contrário seremos rotulados de “neófito ambiental total”

Em caso de queca iminente, aqui estão algumas regras básicas, que lhe permitem receber o “green fucker certificate”

- lingerie de baixo impacto ambiental (se preferir, nem use nenhuma porque o melhor da vida, faz-se sem roupa)
- não ao preservativo de látex (ponha os neurónios a trabalhar e dê largas à ivaginação )
- afrodisíacos orgânicos (sovaco eau de parfum)
- não acender lâmpadas (em alternativa acenda a fogueira que há em si)
- sex toys ecológicos (de preferência fabricados em pau-santo)
- lençóis de algodão egípcio e mobiliário em bambu (ou então ao ar livre, de preferência no parque eólico da A8)
- não fumar após o acto (coma um prato de lentilhas)
- não tomar banho (a água é um bem mais precioso que o petróleo)
- utilizar mezinhas caseiras para aumentar a libidinosidade
- banir por completo Facebook, hi5 e afins, optar pelo dating social network com a certificação “green”

segunda-feira, 22 de março de 2010

A política não é uma ciência exacta, é uma arte


“Eu fiquei surpreendido pela positiva, na medida em que isto demonstra que o problema não era entre o Ministro José Sócrates e a Região Autónoma da Madeira. O problema era de quem envenenou o 1º Ministro para tomar determinadas atitudes que hoje se vê que não estavam certas. Portanto, há um novo clima! Eu costumo dizer, a minha prioridade é a Madeira, não quero guerras com o Governo da República e muito menos as vou fazer por causa deste PSD.
Daquilo que eu vir que é justo, serei aliado do Engº Sócrates, nem que seja contra o PSD”

Entrevista de Alberto João Jardim à RR

É interessante analisar as próprias declarações de Alberto João Jardim, aquando do incidente relacionado com a “censura” do artigo de opinião de Mário Crespo em que este apelida o 1º Ministro de Mugabe da Europa, acusando-o de uma obsessão doentia contra a insularidade e contra a imprensa que se torna adversa e incómoda aos seus propósitos de ditador. Para este artista de circo, palhaço do Conselho de Estado que debita impropérios em todas as direcções, para quem o Presidente da República é o Sr Silva e o 1º Ministro é o Sr José, o “Marketing Mix” é o terreno de eleição para os seus malabarismos dialécticos, onde as variáveis Preço/Custo/Conveniência podem ser manobradas conforme lhe dá mais jeito.

domingo, 21 de março de 2010

World Poetry Day - The words of nature, the nature of words



O Poema Original

Original é o poeta
que se origina a si mesmo
que numa sílaba é seta
noutra pasmo ou cataclismo
o que se atira ao poema
como se fosse ao abismo
e faz um filho às palavras
na cama do romantismo.
Original é o poeta
capaz de escrever em sismo.

Original é o poeta
de origem clara e comum
que sendo de toda a parte
não é de lugar algum.
O que gera a própria arte
na força de ser só um
por todos a quem a sorte
faz devorar em jejum.
Original é o poeta
que de todos for só um.

Original é o poeta
expulso do paraíso
por saber compreender
o que é o choro e o riso;
aquele que desce à rua
bebe copos quebra nozes
e ferra em quem tem juízo
versos brancos e ferozes.
Original é o poeta
que é gato de sete vozes.

Original é o poeta
que chega ao despudor
de escrever todos os dias
como se fizesse amor.
Esse que despe a poesia
como se fosse mulher
e nela emprenha a alegria
de ser um homem qualquer.
Ary dos Santos, in 'Resumo'

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Dogma, Teorema ou Incógnita...

O Amor resolve-se por uma equação diferencial

Entre as incógnitas que o integram…

Conhecer os valores desconhecidos é, afinal.

A extrema ambição de que sou feita…

E neste espaço largo e tão estreito,

Que cabe apenas no meu peito,

O amor desenvolve-se em raízes quadradas,

Cúbicas e múltiplas,

E o resultado é sempre uma razão desconhecida…

Este, é o valor real da vida

Que nos dá o Amor,

Na transcendência dos valores afectivos…

Perante o dogma e o teorema,

O Amor define-se

Como uma razão de ser de valores extraordinários…

Pitágórico, o Amor

Aceita, para qualquer incógnita,

Valores diversos e diferenciados

Que lhes emprestam os diferentes resultados…


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Second life

“Preferia ser submetido a um exame rectal, em directo na TV, a ter uma página no Facebook”, quem o diz é George Clooney e esta afirmação levanta duas questões pertinentes: ou ele adora toques rectais (o que duvido, eheheh) ou então o FaceBook é provavelmente o maior caso de espionagem a que alguma vez se assistiu.
Talvez os utilizadores não saibam mas a verdade é que esta página social vende toda a informação ao melhor preço pois, de acordo com as condições do contrato que virtualmente assumem, outorgam ao Facebook a propriedade exclusiva e perpétua de toda a informação e imagens que publicam, mesmo depois de apagadas.
Carlos Carvalhal, num acto desesperado, também sucumbiu aos encantos da Farmville, numa tentativa “in extremis” de dinamizar a plantação de nabos que tem numa propriedade em Alcochete.



quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Geração Phonix


Eu axo q os alunos n devem d xumbar qd n vam á escola. Pq o aluno tb tem Direitoe se n vai á escola latrá os seus motivos pq isto tb é perciso ver q á razões qd um aluno não vai á escola. Primeiros a peçoa n se sente motivada pq axa q a escola e a iducação estam uma beca sobre alurizadas.

Valáver, o q é q intereça a um bacano se o quelima de trásosmontes é munto Montanhoso? Ou se a ecuação é exdruxula ou alcalina? Ou cuantas estrofes tem um cuadrado? Ou se um angulo é paleolitico ou espongiforme? Hã?

E ópois os setores ainda xutam preguntas parvas tipo cuantos cantos tem os Lesiades's, q é u m livro xato e q n foi escrevido c/ palavras normais mas q no aspequeto é como outro qq e só pode ter 4 cantos comós outros, daaaah.

Ás veses o pipol ainda tenta tar cos abanos em on, mas os bitaites dos profes até dam gomitos e a Malta re-sentesse, outro dia um arrotou q os jovens n tem abitos de leitura e q a Malta n sabemos ler nem escrever e a sorte do gimbras foi q ele h-xoce bué da rapido e só o garra de lin-chao é q conceguiu assertar lhe com um sapato. Atão agora aviamos de ler tudo qt é livro desde o Camóes até á idade média e por aí fora, qués ver???

O pipol tem é q aprender cenas q intressam como na minha escola q á um curço de otelaria e a Malta aprendemos a faser lã pereias e ovos mois e piças de xicolate q são assim tipo as pecialidades da rejião e ópois pudemos ganhar um gravetame do camandro. Ah poizé. Tarei a inzajerar?


"Redaxão" escrita por um aluno do 9º ano

A boa educação é cara, mas a má educação é muito mais cara

Parece que há uma grande incompetência generalizada em transmitir aos filhos, a importância da escola e a importância que é receber uma educação, uma oportunidade e um privilégio.

As crianças de hoje não são mais estúpidas ou mais indisciplinadas do que antes,o problema é a falta de respeito pela autoridade dos mais velhos. Deixaram de ver os adultos como fontes de experiência e de ensinamento para os passarem a ver como uma fonte de incómodo. Estes, por sua vez, preferem demitir-se da sua função de pais, evitando assumir qualquer autoridade, preferindo que o pouco tempo que passam com os filhos, seja alegre e sem conflitos, empurrando o papel de disciplinador, quase exclusivamente, para os professores.

Os progenitores não são amigalhaços de borgas, são educadores e, enquanto não optarem pela supressão de privilégios e pelo alargamento dos deveres, vamos continuar a assistir a estas “pérolas” de inspiração.


terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Momento cultural ...


Sinopse

DiciOrdinário - dicionário ordinário. Qualquer semelhança com outros dicionários é pura conincidência.

O Diciordinário é uma homenagem ao linguado português. Trata-se de um verdadeiro serviço público pois, já desde o tempo em que se phodia, muito tem sido escrito sobre o sexo oral mas pouco é dito sobre o sexo escrito. Eça é que é Eça. E não estamos aqui para engatar ninguém.


Aconselho vivamente pois, neste manual de cabeceira, procura-se evidenciar as diferenças e convergências observadas na elaboração dos dicionários de língua geral e nos dicionários, vocabulários e glossários de línguas de especialidade. A consulta ao dicionário tem sempre uma motivação, nunca é "inocente".

O leitor procura resolver um problema de significado, esclarecer aspectos da linguagem, aperfeiçoar a sua forma de comunicação linguística.

São esses os objectivos do dicionário: preencher lacunas de conhecimento, facilitar a comunicação linguística, aperfeiçoar os meios de expressão, descodificar correctamente as normas sociais e científicas e aumentar ou desenvolver o conhecimento sobre o parceiro.


Ora vejamos o que nos reserva o "O" (já dizia a Ana Malhoa: e tudo começou no Ó...ó, ó, ó!!!


Ode – composição poética lírica enaltecendo o potencial sexual de alguém, tipicamente escrita depois do acto (ver oder)

Oder – fazer odes eróticas, odendo a torto e a direito, a todas e a eito

Odisseia – ode e ceia (de preferência por esta ordem, para evitar congestões)

Odomizar – fazer odes a inserções traseiras

Olarila – forma de chamar um paneleiro

Olhão – olho de dimensões hiperbólicas, o mesmo que Boavista.

Onanimismo – onanismo unânime, prática generalizada de masturbação

Opiçodele – equivalente masculino da apitadela

Oralgésico – medicamento alternativo para quem não tolera analgésicos

Orgasmar – organizar uma orgia. Daí a palavra de ordem mais ouvida nesses ambientes: “orgasmisem-se”


Crónica de uma morte anunciada

Segundo as palavras do Sr Mário Crespo, o nosso PM é agora um político palhaço, incapaz de lidar com as realidades que criou e vai continuar a tentar manipulá-las com as suas “novilínguas” e esmagando todo o “duplipensar” tal como Orwell descreveu na sua obra mais real que ficcionada.

Ora, no dia da discussão do Orçamento, José Sócrates reuniu os seus amigalhaços da vida airada e, num almoço informal resolveu, alto e bom som, desancar no jornalista e fazer-lhe a folha, à semelhança do que aconteceu com Manuela Moura Guedes e José Eduardo Moniz.

Curiosamente, na mesma tasca, estava um amigo de Mário Crespo, que foi estonografando meticulosamente o teor da conversa e que daria origem a uma brilhante crónica de opinião e posteriormente ao despedimento do ilustre jornalista.

Acontece que o JN é um jornal privado e, como tal, reserva-se no direito de publicar o que muito bem entender assim como qualquer jornalista pode escrever o que lhe der na real gana... não pode, é exigir que um jornal divulgue os seus ódios de estimação, baseados em conversetas sem consistência.

Um facto é, por definição, verdadeiro.

O problema é que Crespo não trata de factos, quanto muito, de candidatos a factos, ao bom estilo de Agata Christie.


Falar de censura numa época de globalização da informação, é patético, assim como enfatizar um despedimento que mais não é, senão uma recusa de validar paleio de vão de escada ou intrigas de comadres.

A verdadeira razão deste thriller policial, é mais dor de corno que outra coisa. É que Crespo provavelmente nem se lembra das entrevistas que deu durante o ano passado:

Semanário Económico (15.01.09) – disse que nas próximas eleições "provavelmente" votará (ou votaria) Sócrates

Correio da Manhã (12.01.09), disse que "provavelmente" irá (ou iria) em breve para Washington por grandes temporadas

É chato contar com o ovo no cu da galinha … quem foi para Washington, como conselheiro de imprensa, não foi o Crespo, mas alguém muito próximo do PS.

E pronto, a partir daqui, as crónicas de opinião mudaram radicalmente até que foi despedido… chama-se a isto “Crónicas de uma morte anunciada”