sábado, 27 de agosto de 2011

Sinfonia (in)completa


A tua mão passeia-se no meu corpo
enquanto a minha pele pede que lhe escrevas
poemas com a tua boca
uma pintura de Klimt no planalto dum seio
um nocturno de Chopin no declive do dorso
um intermezo molto lento na ogiva das minhas coxas
ensaio um adágio num ritmo frenético
e leio-te a pauta numa progressão harmónica
onde importam mais os acordes
do que a fórmula do compasso
marcas o ritmo com uma clave
e suplicas um interlúdio...
ensaio uma tocata e fuga
breve, semibreve, alternando confusa e semifusa
retomamos a sinfonia
que culmina num opus ensemble

sábado, 13 de agosto de 2011

Premonition


Burning like an angel
Who has heaven in reprieve
Burning like the voodoo man
With devils on his sleeve

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Modo Imperativo


O teu corpo é um parêntesis recto
erecto
que pontuo ao sabor da minha
boca
Brinco com o lume que separo por
vírgulas
e percorro cada esquina sem
reticências ...
É o nosso acordo ortografado
onde as consoantes são
mudas
e as vogais se precipitam
em ditongos de
prazer
Não há lugar para interrogações
apenas preâmbulos e
imperativos

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Há gajos que apenas têm um par de tomates no cérebro e uma pila a palpitar no peito enquanto o coração lhes bate nas cuecas. - by Charlie



- Padre, conheci-o na Tierra del Fuego, alí mesmo ao pé do Estreito de Magalhães. Ele é tão sedutor que cativa qualquer mulher num piscar de olhos ... aconteceu comigo e com centenas de lorpas e nos próximos anos, até ficar senil, caduco e impotente, acontecerá certamente com outras tantas, espalhadas pelos cinco continentes. Este Homo Erectus, à solta no mundo globalizado, é um perigo.
- Interessante, tive um paroquiano que apresentava a mesma sintomatologia mas o caso presente parece-me mais uma vítima da globalização. Provavelmente é viciado em Marketing Geográfico Estratégico e colecciona mapas com bandeirinhas. Simultaneamente, mantém-se em laboração contínua e faz pesquisa para escrever as memórias, subordinadas ao tema “TripAdvisor Global Fucking Genesis. É obra de Satanás ... esse homem orgasma-se a snifar planisférios.
- Mas eu sou católica e entendo a poligamia, travestida de poliamor, sem mútuo consentimento, uma situação abominável quando existe afecto, amor e partilha. No entanto, confesso que é simultaneamente um precedente motivador na medida em que todas NÓS, que lhe passámos pelas mãos, sonhávamos ser as eleitas, conscientes que teríamos as competências necessárias para contrariar o que está previamente estabelecido naquele cérebro compulsivo e diria até, patológico.
- Em suma, a mensagem que ele pretende transmitir às “potenciais clientes” é que largou a “fast food” para se dedicar exclusivamente ao prazer gourmet de degustar uma mulher única, inteligente e completa como a menina. Mas sabe que, mesmo com uma dieta eficaz, há sempre a tentação dos demónios proteicos, comercializados pelas multinacionais da indústria alimentar.
- Padre, se eu quisesse consultoria de culinária, em vez de me confessar, assistia a um workshop do Chakall.
- Minha querida, segundo as antigas escrituras, qualquer mulher ou homem pode ser vítima ou predador. Pelo que sei, no caso presente, ele passou de predador a vítima pois a estratégia de clandestinidade foi completamente desconstruída pelos atropelamentos e tropeções nos objectivos. Deus Nosso Senhor é grande e omnipresente...
- Embora possa soar paradoxal ou fatalista, a única garantia de um final feliz para um GRANDE amor, é interiorizar que o móbil do nosso desejo e admiração, sempre teve, tem e terá a covardia de ter despertado simultaneamente o amor em várias mulheres, sem nunca ter tido a intenção de amá-las. Estamos perante um aldrabão profissional, hábil desconstrutor da lógica emocional e malabarista das palavras que nos fode o corpo e a alma.
- Parece-me mais um caso de fé ... metaforicamente, podemos compará-lo aos feriados católicos. No ano em curso, há três ou quatro que são fixas e as restantes são móveis, consoante o calendário gregoriano.
- É um doente mental, até teve duas hérnias inguinais...
- Vê? Não era homem para si ... a menina vende saúde e ele não passa dum genérico rasca, fabricado num laboratório artesanal dos PALOP. A esta hora, está de quarentena com uma hérnia penial, um aneurisma na língua e míldio nos tomates. Para ser comido, só com grandes doses de sulfatagem, por se tornar um perigo para a saúde púbica.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Ponto Quê


No côncavo e no convexo
Não há limite para amar
Há frases que enlouquecem
Na bissetriz do olhar
E se a boca pede mais
Quando o corpo sabe a tanto
A conjunção dum só ponto
Será o teu “quê” de espanto
Não fales, não digas nada
Abafa-te num só grito
Se a vida é uma incógnita
O teu mundo é infinito

sábado, 9 de julho de 2011

Labirinto













Conheço bem o teu corpo
percorro-o de lés a lés
perdida nos teus recantos
à espera das marés.

Desaguas nos meu lábios
sorvo-te o sal e o mel
borboleta sonhadora
abro em flor na tua pele.

Digo baixinho ao ouvido
colhe-me as pétalas, sim
desatina no enleio
nunca te partas de mim.

Esta paixão que arrebata
e que a razão não entende
às vezes penso que mata
outras vezes que me prende.

E se o limite não cabe
na palma da minha mão
Ama-me assim esta noite
sem disfarce e com tesão!

domingo, 19 de junho de 2011

PiroFado



Trata-se de um novo conceito de fado... moderno, inovador e alternativo.
As legendas em novilíngua são só para fintar os gajos do youtube



Pirog(c)a do Tejo

Piroca de Moscavide
Engalanada na proa
Às vezes andas perdida
Pelas ruas de Lisboa

E se as amarras se soltam
E o vento é de feição
Viajas sem passaporte
Falua de perdição

Piroca,
Tu sabes bem
O teu mastro é uma ilha
Bora lá partir a bilha
Ali mesmo em Belém
Piroca,
Sabes nadar?
E se a gaja te abalroa
Afinca-lhe em cima da proa
Com o motor a latejar

Piroca ergue-se ao vento
Festejando o marear
Em ondas de fogo fátuo
Sem medo de naufragar

Navega contra a maré
Lança o lastro devagar
E as gajas a jusante
Começam a gaguejar

Piroca,
Tu sabes bem
O teu mastro é uma ilha
Bora lá partir a bilha
Ali mesmo em Belém
Piroca,
Sabes nadar?
E se a gaja te abalroa
Afinca-lhe em cima da proa
Com o motor a latejar


O Refrão deverá ser repetido até à exaustão

sábado, 11 de junho de 2011

How to learn English in ten simple steps




Kika's lyrics version

One, two, Kikas's coming for you

Three, four, better lock your door

Five, six, grab a crucifix

Seven, eight, gonna stay up too late

Nine, ten, you’ll never sleep again


quarta-feira, 8 de junho de 2011

H2Optima

Leva-me às hastes da loucura
Bebe-me a fonte da vida
Morde-me os seios maduros
Logo aqui, fico perdida!
Ao descer o labirinto,
Roça-me o ventre, de leve
Penetra-me com doçura
Por favor, não sejas breve!
E eu brinco com o lume
Enquanto beijo e abraço
E o anel no teu pescoço
Fica preso no enlaço!
Inverte o mundo ... para mim
Faz gritar a minha voz
Desvenda-me o teu mistério
Faz de mim, a tua foz!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Habemus merdam


Já temos um novo entertainer e a malta adora palhaços e acrobatas pois vive hipnotizada pela vacuidade da televisão que é o palco desta geração de políticos neo-liberais, pós-modernos, geralmente incultos e desprovidos de memória mas bem embrulhados e com gravatas a condizer ... o resto, é pane et circus! Eu até acho o homem de Massamá, muito charmoso e simpático mas, francamente, tão novo e já tão anacrónico, como se percebe pelas companhias que arranjou.
Nestes trinta e tal anos de alternância do poder, existe um elo comum que se traduz em nacionalização de prejuízos, privatização de lucros, favorecimento de amigalhaços, controlo da comunicação, subversão do poder judicial, excesso de regulação para uns e uma total impunidade para outros, culminando com o homem dos robalos, saltitando de administração em administração, o maioral do bpn à solta e o outro a construir resorts em Cabo Verde.
Enfim, tão diferentes que eles são ... espera-nos um "novo movimento" de desenvolvimento exactamente igual ao anterior, gasto, falido, penalizador para quem trabalha e onde se rouba descaradamente em nome de acordos e legislação.
Das duas uma, ou mudamos de paradigma ou então vamos conhecer no século XXI, o significado do que foi uma certa Idade Média.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Divagações de um coleccionador


Já me chamaram coleccionador de afectos mas é completamente falso ... sou mas é um sentimental! O sexo até pode não ser o objectivo imediato, mas deprime-me a falta de paixão porque entendo o amor como evasão e poesia.
Sorvo e entrego-me como um manjar gourmet, servido em baixela de prata, onde exponho o meu corpo como um jardim de delícias à la carte e o meu sexo como uma estufa tropical.
Sou indiferente a convenções ou tabus e deixo-me ir (e vir, também), levado pela brisa das emoções furtivas. Adoro o imprevisto, as aventuras e as experiências que ensaio no meu laboratório rudimentar onde cada cobaia se sente uma princesa ... às vezes selvagem, é certo, mas facilmente domesticada pelos métodos mais ancestrais e artesanais.
Mas não pensem que sou um amante descartável e sem história, daqueles que não deixam marcas profundas na pele e na memória de quem o ama ...
Embora seja um homem profundamente espiritual e confesso devoto de Osho, sou também muito carnal e encaro o sexo como a primeira maravilha do Universo.
Estou à vontade no meu papel de diabinho com asas de anjo.
Às vezes, sinto-me atormentado por um frenesim erótico que me leva a excessos incontrolados ... sou voraz sem ser guloso e tenho uma dificuldade enorme em adaptar-me à rotina, pois a dança de parceiras não me acalma a líbido, apenas potencia a minha bulimia sexual.
Acredito que há em mim, o poder redentor do sexo que me faz sentir uma corrente de pulsões tempestivas e torrenciais.
Chamem-me libertino, mas julgo estar a meio caminho, entre a depravação e o vício, por isso, não tolero relações complexadas e com regras ... sou um homem sem rosto mas com uma longa história de libertação, onde não há lugar para lágrimas ou dramas.

domingo, 29 de maio de 2011

Usar máscara ou não ... eis a questão!



Actualmente, a palavra prostituição tem um sentido tão lato e subjectivo que, qualquer adjectivo que se utilize para qualificar o conceito, levar-nos-ia a debates inconsequentes.
Toda a gente se prostitui, no sentido mais pejorativo que essa palavra pode suscitar, em qualquer tipo de relação ... afectiva, social, familiar, profissional e política, onde a transacção da mentira, manipula tudo e todos de forma descarada.
O sexo, é quanto a mim, a mais transparente das prostituições ... transacciona-se o corpo, e em troca, é-se remunerado. Muito mais chocante será alguém despertar emoções e afectos noutras pessoas pelo simples divertimento ou para enriquecimento curricular. A mulher ou o homem, ao prostituir-se, poderá, simultaneamente, desempenhar vários papéis: fotógrafos de ilusões, mágicos de emoções pré fabricadas, ventríloquos de frases feitas, vendedores de sonhos ... mas o jogo é bem definido pelos intervenientes, ninguém engana ninguém!

Há uns tempos atrás, assisti a um debate onde alguém disse que a angústia que sentiria em relação à filha, seria a mesma, fosse ela prostituta ou alpinista.
Vem isto a propósito da Joana fazer a apresentação do seu livro, usando uma máscara veneziana, não porque a sua vida seja um misto de Natal e Carnaval mas porque a nossa sociedade se mantém vinculada a estereótipos que mais não são do que “clichés” que se diluem entre o “dizer” e o “fazer”.
Não consigo estabelecer comparações entre filhas alpinistas ou prostitutas mas uma coisa, eu sei ... se tivesse uma filha como a Joana, sentiria um grande orgulho, independentemente do seu passado, presente ou futuro.
E em relação ao que ela me confidenciou, recordo-me da mensagem que o meu filho me enviou no meu aniversário: “o coração das mães é um abismo no fundo do qual se encontra sempre um perdão

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Noite de Poemas by Kikas (Repórter Estrábica)



Eram 19:30 e um trânsito caótico na capital do Império. O motorista ligou-me, muito preocupado, porque estava engarrafado, algures entre o Rato e a Gare Oriente. Entretanto, o JF chegou empolgadíssimo porque vai participar no campeonato mundial de Frisbee e então aproveitamos para discutir tácticas de defesa e ataque que são comuns a qualquer desporto com ou sem bola. Em seguida fomos apanhar a Libelita a Santa Apolónia ... esta mulher é unica e com um manancial de histórias divertidíssimas para contar.
Novidade em primeiríssima mão, a Tita tem uma gravidez psicológica, diagnosticada pela ginecologista ... perdão, pela vet, isso quer dizer que, psicologicamente falando, ela vai ser avó, lololol.
Depois, ficamos a saber que a Libelita descobiu uma nova griffe de “alta sapataria” que se chama “Osga Shoes”. Pois é, enquanto se preparava para o evento, descobriu que dentro do sapato, tinha uma estranha sensação de fofura, o que não a impediu de se maquilhar e vestir com uma simpática osga dentro do sapato. Após verificar que, ortopedicamente, o bichinho estava em perfeito estado de conservação e de ter dado uma beijoca à Tita, lá veio ter connosco, feliz e contente porque o zoo ficava muito bem entregue em ... auto gestão.

Em seguida fomos apanhar a Joana e enquanto esperávamos pela caracterização, a Libelita deu-nos uma lição de “cuisine gourmet” digna duma parceria Isabel do Carmo/Filipa Vácondeus (ou pra outro sítio qualquer). Aproveitei para dar umas dentadas num chausson de maça que tinha na mala (porque nem sequer tive tempo de jantar) e levei logo uma reprimenda de não sei quantas kilo calorias que até me ia engasgando.
Finalmente chegou a Joana, absolutamente deslumbrante, um misto de Madame Pompadour e Cinderela ... um trabalho de maquilhagem artística absolutamente fantástico (a Maria João transforma pessoas em arte viva).
Mais umas voltinhas e chegámos finalmente à Biblioteca. Beijinhos e abraços, ao Paulo, Carlos, Orca e Paulinha Raposo. Finalmente, ei-la que chega a Poesia, às vezes poderosa, interventiva, solidária, outra vezes, subtil, erótica, amante mas sempre sequiosa de quem a leie e divulgue.

Chegou o momento dos autógrafos ... muito brilho, luz e emoções. A Joana escreveu-me uma dedicatória linda e diz que sente um grande orgulho em conhecer uma mulher como eu. Pois eu tive o privilégio de conhecer uma grande escritora mas muito mais importante que isso, conheci uma grande MULHER. Parabéns Joana, que este seja o início de um ciclo em que as palavras soltas combatam as mentalidades banais e (i)morais.
Finalmente, tivemos cantigas e sinceramente ... a TunaMeliches ajavardou completamente uma noite em que era suposto dedicarmo-nos exclusivamente à cultura. E o miúdo, coitado, corou até às orelhas e até encravou o powerpoint no toshiba! Num havia nexexidade ... a Sãozinha estava caladinha ao canto da sala, completamente inibida, acho que ninguém deu por ela, nem tugiu nem mugiu, hahahahaha!
Uma coisa é certa, embora beneficiados pela excelente acústica da sala, o Paulo, o Carlos e o Orca deram show, abençoadas vozinhas e manitas ... violaram até ficarem com os deditos dormentes, caragu!!!!!!!!
Adorei, adorei, adorei e estou desejando conhecer o resto da Tuna. Até Julho e façam favor de levar o Ricardo Esteves. Ele diz que tem de tirar os dentes do siso ... tretas, quem lhe arranca os dentes sou eu se ele faltar ao Encontrão.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Pink Freud, please!


- Doutor Segismundo, o meu namorado é professor universitário e gosta muito de fazer citações filosóficas enquanto fazemos sexo
- Concordo que essa situação é desconfortável porque pode ser incompatível manter simultaneamente a actividade intelectual e a actividade hormonal (em linguagem mais abrangente, a menina fica com os neurónios fodidos, certo?).
- Nem mais, ainda ontem, estava eu prestes a …, diz-me ele ao ouvido: "As novas gerações estão dentro dos colhões e o novo Portugal, nasce dum tomatal".
- Deduzo que seja uma citação dum filósofo contemporâneo…
- Ele desculpou-se, dizendo que é uma corrente filosófica pós-socrática mas já na semana passada, fazia citações de enrabadelas legislativas e minetes eleitorais. Arranjo outro namorado ou aguardo pelo fim da campanha eleitoral?
- É sabido que todos os professores universitários fazem citações durante o sexo. Porém, pelo seu relato, adivinho que esteja perante um caso terminal, o próximo estádio trará uma impotência insofismável!
- Conheci um trolha, que me anda a assentar um soalho flutuante, lá em casa ...
- O trolha não me parece boa ideia. Por norma, é o tipo de homem que mais não conhece que a “Alegria da Caverna”. Só querem sexo, sexo, sexo, de preferência em cima do andaime, e quando a mulher dá por si está dentro de um contentor a protagonizar "A Divisão do Trabalho Sexual" (do Emílio Murcheim) com o grupo da comissão obreira local — haja betoneira que aguente! De mais a mais, não são pessoas que gostem de cimentar relações e, julgo eu, a menina quer mudar para algo sério.
- O que me apetece, sei eu ... apetece-me ser bárbara e mandá-lo já a Guimarães (que é abaixo de Braga).
- Isso seria uma opção terminal. Pode ainda tentar o seguinte: comece a recitar a tabuada toda, combatendo as estiradas filosóficas com o estigma da apócope dos números. Ou então espanque-o severamente com "O Capital" do Marx durante o acto. Ou exija ter relações apenas durante o concurso "O Preço Certo".Ou declame-lhe poesia do Ruy Belo... não lhe faltam opções, minha querida, para alterar o seu desconforto.
- Concordo Doutor mas, em todo o caso, vou também consultar a "Caras", onde há sempre tantos e tão úteis conselhos para mulheres insatisfeitas com as políticas sectoriais do pirilau.
- Minha querida, há também outra alternativa que seria manter ambos. A sua vida sexual percorre uma grande distância entre estes dois modelos antípodas, ou, no caso em questão, antíphodas... de facto, para uma mulher, ele há alturas em que apetece jantar romântico, bem amesendado com cabernet sauvignon regado por laivos de grandiloquência; mas há outras, para ser agarrada pelos cabelos, cingida sobre o capot de um velho automóvel estacionado junto ao estaleiro da obra e possuída dessa forma frugal e singela, mas muito revigorante.
In extremis, mantenha os dois e vá à procura de mais...

sábado, 14 de maio de 2011

Amistad


Se a juventude nos faz viver as coisas de um modo leve e descomprometido, à medida que a idade avança, a maturidade permite-nos olhar para a vida sob outro prisma, clarificar aquilo que queremos ou, quanto mais não seja, dá-nos a noção clara, daquilo que não queremos...
Por estranho que pareça, chego a esta provecta idade com um número restrito de amigos. Ao contrário do que pode fazer crer a banalização da palavra "amigo", hoje endeusada indiferentemente para definir toda a espécie de contacto humano, dos meros conhecidos aos magoados ex-amantes, a amizade é a mais exigente das relações humanas. Por outro lado, quando a amizade do amor se esgota, resta-nos a fidelidade dos amigos que supomos à prova de desgaste, porque não é feita do frágil tecido do desejo.
Que o comportamento natural do ser humano é estar aberto à vida e ao amor, já todos sabemos... só que entretanto, a estrutura genética faz-nos acreditar que não é assim, que devemos estar fechados e desconfiados. No entanto, uma parte da personalidade é composta por condutas aprendidas, sobre as quais é possível actuar e, por conseguinte, modificar. Mas também se temos de aprender a viver com as heranças do passado, por muito pesadas que sejam, os pesos do presente, podem sempre ser descartados ou minorados se nos esforçarmos nesse sentido.

sábado, 7 de maio de 2011

Fui Mesmo Ingénua ...

Mexem leve levemente

como quem se monta em mim

é o FMI certamente

mais nenhum me excita assim

será mesmo a ventania?

mas há pouco, há poucochinho,

o meu spread não bulia

na quieta melancolia

do meu Nib de cetim

tocas-me assim lentamente

com tão delicada leveza

mal se ouve mal se sente

lambes a minha pobreza

fui ver, a troika saía

do arroxeado prepúcio

há anos que a não via

e que saudades eu tinha!

olho-a na tua mão

pôs tudo da cor do linho

e a minha conta bancária

fica toda pegajosa

no ónus do teu cuzinho...

rijinhas, intumescidas,

as gémeas que te dão tudo

oscilam bem definidas

dizes tu: “sinto-as doridas,

está pra te vir o priudo”?

E uma infinita tristeza

daquela masturbação

entra em mim, fica em mim presa

da tortura sem tesão

domingo, 1 de maio de 2011

(In)verdades

Vivemos constantemente numa mentira, por indução. Ensinamos os nossos filhos que não se deve mentir, no entanto, assistimos todos os dias a relações sociais, afectivas, institucionais, políticas e empresariais, baseadas na mentira e na manipulação.

Diz-se o que é necessário e não o que é verdadeiro ... é que a verdade é um fardo muito pesado, por isso é que pouca gente o suporta! E mentir, exige um exercício de criatividade que só nos faz crescer.

Há dois tipos de mentira que parecem impossíveis de superar ... a do amor e da amizade.

Pois há quem tenha sobrevivido às duas, o que me leva a concluir que as (in)verdades podem ser um óptimo pretexto para a renovação. , retaliar parece-me uma péssima opção, até porque se traduz numa tarefa desgastante, exige uma enorme e cansativa capacidade ardilosa e o resultado será sempre uma decepção, principalmente para quem não aprecia desafios cujos resultados sejam apenas medíocres.

Se somos exigentes, seria de péssimo gosto, entrar em aventuras e malabarismos para os quais não temos o know how e a certificação suficientes para sair do caso com "distinção"

Por isso, o melhor mesmo é interiorizar que devemos criar o nosso bem estar e felicidade, através da realidade que nos é imposta pelos outros e então, chegamos facilmente à conclusão que não dependemos deles para sermos felizes.

A auto-estima permite-me concluir que a solidão auto-imposta tem duas vantagens inegáveis: primeiro, o direito de estar consigo mesmo; segundo, o direito de não estar com os outros, sendo que, esta última, até tem vantagens acrescidas, pelo perigo e promiscuidade que toda a convivência social traz consigo.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

O Amor é lindo!

Realmente é verdade ... o amor é lindo, mas a caça ao homem, também. As mulheres balançam entre estes dois conceitos e é uma dúvida existencial tão antiga como a evolução do sexo, desde a Idade da Pedra.

Todos os homens querem desesperadamente fazer sexo com mulheres. Nasceram com uma deficiência congénita chamada “microchispe” que os obriga, desde célula embrionária, a terem erecções e irem para a cama com todas as mulheres que puderem.

Antigamente, os homem para terem sexo, ou casavam ou iam às putas porque sexo antes do casamento era uma miragem e eles, coitados, tinham de seduzir o sogro, a sogra, as tias e o gato antes de chegar ao cerne da questão. A vida seguia um trilho estreito e rectilíneo onde, eventualmente, poderiam surgir linhas convergentes mas também paralelas.

Chamemos-lhe então o padrão da sociedade primitiva.

Agora, o quadro é ligeiramente diferente, a evolução social foi-se alterando devagarinho até chegarmos ao padrão da sociedade permissiva o que significa que se pode ter cama sempre que se queira e isto aplica-se, tanto a homens como mulheres.

- Casamento?

- O que tu queres, sei eu

- União de fato?

- Nem pensar, os fatos custam os olhos da cara e eu prefiro gastar a 3ª via

- Então como é?

- Vamos simular o IRS e depois logo se vê

É óbvio que ainda se encontram homens com padrão primitivo mas esses, quem é que os quer? São feios, chatos, fazem férias no Allgarve, usam meias ridículas, cuecas de gola alta e passam o tempo todo a chamar-nos “mori”.

Todos os homens atraentes, disponíveis, inteligentes e ricos estão felizes que nem uns touros no meio de uma manada de vacas.

Eu cá sou muito exigente ... o que me motiva é caçar um gajo e mantê-lo em cativeiro até ele parar de rugir com saudades da selva, nem que tenha de o açaimar e dar-lhe umas valentes doses de sexo à bruta, para ele perder a mania.

A sociedade protectora dos animais fica fodida e lança-me um Habeas Corpus?

E eu ralada, dou o caso como devoluto e mando-os a todos pastar.

Gaja do sec XXI é assim, quando caça por alimento ou desporto e descobre que afinal, ele não corresponde aos requisitos, está sempre a tempo de o devolver à selva e recomeçar a caçada.

Mudasti? – perguntarão vocês

E eu, que adoro Ice Tea mas sou uma gaja com formação clássica, limito-me a dizer:

Mutatis mutandis e mainada!

domingo, 23 de janeiro de 2011

Fábulas Cibernéticas

Conheceram-se num desses chats da moda e resolveram marcar um interface num cybercenter, acabando, como é óbvio, conectados num trapézio sem rede.

Patati para ali, patuá para acolá e à distância de uns bytes, a miúda já fazia downloads utilizando o hardware do hotmale@fdp.come.

Antes da transferência de ficheiros, nem se lembrou se tinha firewall instalada ... upssss, tarde demais para fazer escape.

Mas o hotmale@fdp.come, tal como indica o nome, é um comilão insaciável e utilizava várias ISP’s simultaneamente ... banda larga fixa, banda larga móvel, dial up quando viajava para a parvalheira, cabo, satélite intercontinental e Emea fibra.

Mais tarde descobriu que, mesmo virtualmente, qualquer um pode transformar-se num reles Trojan Horse travestido de Sapo adsl. Acabaram-se os uploads, encaixotou-o mais as agregadoras de feeds RSS e mandou-o para o byte que o pariu, tratar o vírus no Bill Gaitas Microsoft Shit Center.

Hasta la Windows Vista, baby!!!

sábado, 22 de janeiro de 2011

Enquanto se guia, não se assobia


Provavelmente é uma prática menos comum do que falar ao telemóvel durante a condução mas, quem experimentou, reconhece que se trata de uma situação que envolve sérios riscos: desalinhamento crónico da direcção, traços contínuos desrespeitados, acelerações e travagens bruscas, bloqueio dos cintos de segurança e até risco do fecho central se encravar no bag do condutor

Está planeada, para breve, uma nova revisão do Código da Estrada, na qual o “bóbó viário” deverá ser penalizado com uma coima idêntica à que se pratica para condutores que utilizam o “télélé viário”.

A possibilidade de escapar à coima relativamente ao télélé, é francamente superior, uma vez que há a hipótese de se recorrer ao kit mãos livres. No que concerne à coima aplicada ao bóbó viário, as opiniões divergem uma vez que não há alternativas, sendo que o auricular só irá potenciar o nível de perigosidade.

Está agendada uma mega manifestação em Lisboa, junto à sede da DGV, exigindo a suspensão imediata desta medida, estando previstas todas as formas de luta, inclusivé, um minete de silêncio A fundamentação é subordinada ao slogan “Exigimos o bóbó viário sem multa ...ela é que quis, eu não tive culpa”.

Pois é, a culpa morre solteira mas, avaliando certos condutores bóbó-dependentes, arrisco a afirmar que o slogan mais apropriado seria “Por um bóbó, taco a taco, até voto no Cavaco”.