domingo, 16 de janeiro de 2011

FairyTales vs FuckyTales


Como todas as mães, a minha também me lia histórias de príncipes e princesas, quando o sono teimava em chegar. E finalmente, eu adormecia, embalada na sugestão que num futuro ainda longínquo, ele havia de aparecer, montado num cavalo branco ou conduzindo um Porshe Carrera Cabriolet. Todas as mães são dóceis e queridas e fazem-no com as melhores das intenções mas, passadas décadas, preferia que ela tivesse lido “Le deuxième sexe” de Simone de Beauvoir, mesmo que fosse uma tradução foleira, pois o francês que a minha mãe dominava na época, eram palavras simples, próprias das donas de casa exemplares (abat-jour, bouquet, camembert ou soutien-gorge). As mães de antigamente provavelmente não chegaram a perceber que as histórias de vida teimam em fugir ao enredo da simplificada fórmula literária “e viveram felizes para sempre”

Os príncipes contemporâneos, deviam trazer, à semelhança dos iogurtes, um carimbo na testa com o prazo de validade antes de se tornarem azedos, de forma a poderem ser devolvidos à procedência e sermos ressarciadas do prejuízo inerente a um produto adulterado e com consequências imprevisíveis a nível de saúde pública.