sábado, 7 de março de 2009

Orgasmo vs IRS


O orgasmo está para o praticante de um acto sexual (não individual) como o reembolso do IRS está para o contribuinte que cumpre os seus deveres enquanto tal.


Fase Preliminar - Primeiro, procuras o formulário com o anexo indicado para a tua situação fiscal e vais para casa preenchê-los demoradamente. Isto é, tens companhia, vão para a cama e trocam carícias, salivas, perfumes, toques suaves e apertões ávidos, exploram reciprocamente os corpos à procura dos pontos certos (tal como acontece na declaração de IRS) e pouco a pouco vão preenchendo os vários campos. E a declaração vai ficando pronta para ser entregue.


Fase da Penetração - Entras na repartição de Finanças a que corresponde o teu bairro fiscal, tiras a senha e aguardas na fila para entregar a declaração. Ou seja, tacitamente ou por iniciativa de um dos dois, há um encaminhamento para o local onde tudo irá acontecer a partir do momento que a declaração dê entrada, com os devidos cuidados e verificações, em sede apropriada.


Fase do clímax - Dentro da repartição, a declaração de IRS vai andando de um lado para o outro, para trás e para a frente, sem nunca sair do sítio mas, enfim, levando com o carimbo em todos os sítios por onde passa. À medida que o tempo passa, homem e mulher vão ficando cada vez mais excitados com a possibilidade de receberem o reembolso, não conseguindo estar quietos e variando frequentemente de posição na cama. Neste crescendo constante, o suor de ambos funde-se e o frenesi é cada vez maior, cresce a expectativa e aumenta o vigor dos movimentos. Finalmente, entra-se no período que o ministro da tutela havia anunciado para serem pagos os reembolsos. A ansiedade é quase incontrolável, pois sabes que pode acontecer a qualquer momento, mas fazes todos os possíveis para te conteres. Há que esperar pelo momento certo, pois o teu dinheiro também tem que dar prazer ao Estado.


Fase do Orgasmo - Quando chega o reembolso do IRS, sentes-te implodir de energia, estremeces de um prazer que te arrepia e dir-se-ia secar-te a pele, o teu corpo contrai-se num estremecimento interminável que te rasga desde o ventre ao cérebro, apetece-te desconjuntar o mundo com a força das tuas mãos e do teu corpo e, entre outros sintomas mais, há quem diga que se vê fogo-de-artifício. Nesta fase, os intervenientes numa relação sexual dizem: “Estou-me a vir! Aaaahhhh!! Que boooom!” ou utilizam outras expressões com sentido análogo. O contribuinte diz “Já veio! Já veio! Que bom, já veiiioooooo!”. Muito semelhante… Claro que não se pode generalizar. Nem sempre as coisas sucedem assim e pode haver milhentas, inúmeras variantes, nuances, alterações de ordem, fases imprevistas, etc., etc., etc.. Aqui ficam, por isso, algumas variantes ao orgasmo “straight”, tal como o descrevi:


Orgasmo por Estimulação Manual - Quando, por não atingir o montante mínimo definido por Lei, o contribuinte fica isento da apresentação de declaração de IRS.
Orgasmo com Sexo Oral - Quando a declaração deu entrada através da página de Internet do Ministério das Finanças.
Orgasmo pré Penetração - Quando os cálculos foram mal efectuados pelo contribuinte.
Orgasmo Clitoriano - Quando o contribuinte tenta perpetrar uma fuga ao Fisco!
Orgasmo por Estimulação do ponto "G" - (detrás da sínfise púbica na vagina) — Quando o contribuinte usufruiu de benefícios fiscais significativos graças ao aconselhamento técnico de um contabilista.
Orgasmo com Sexo Anal - Quando o contribuinte conhece alguém na repartição de Finanças que evitou que ele tivesse de esperar na fila…
Depois, é claro, há orgasmos com diferentes quantias.

"texto da responsabilidade de Dr Matusalém, digníssimo sexólogo da DGCI"

1 comentário:

Anónimo disse...

E quando chegam as contas e o contribuinte em vez de receber tem de pagar é óbvio que diz: "Porra, já me foderam"...