domingo, 29 de novembro de 2009

Dubai - Contrastes e Colapso


Suite no Sonapur





Suite no Burj Al Arab



É um oásis e foi uma oportunidade de excelência para muitos profissionais do mundo inteiro.

Mas os expatriados, geralmente ofuscados pelo glamour e por outras coisas também, não conheciam o lado obscuro dos emiratos. Conforme noticiou um jornalista francês do “L’Humanité” o bairro Sonapur, onde viviam milhares de operários da construção civil, foi um cenário muito semelhante a uma favela brasileira, cheiro a dejectos, água estagnada e lixo amontoado. Com um ordenado médio de Eur 100,0, tiveram de recorrer à greve, como medida extrema contra a exploração a que eram sujeitos.
A pobreza, a viver lado a lado com a opulência dos shoppings, do barroco levado ao extremo do Burj-al-Arab ou do piroso Burj Dubai, onde um universo de operários escravizados, contribuiu para a construção de projectos tão megalómanos quanto a riqueza dos emires. E se tivermos em linha de conta que estes emigrantes eram obrigados a entregar o passaporte à chegada, temos o cenário propício para a escravidão do século XXI, apoiada na realidade do “D. Corleone”, praticado em todos os emiratos árabes.
Dubaibilónia, uma amálgama de contrastes onde a greve era a única actividade exótica da qual não se podia falar.
Mas o petróleo tem os dias contados, é o fim do El Dorado e, embora o Dubai tenha como actividades principais o sector turístico e financeiro, o facto é que a propriedade desvalorizou 50% e os empréstimos contraídos para a construção criaram um beco sem saída … será que estamos perante um caso de falência?
Os milhares de unidades hoteleiras terão de ser economicamente viáveis, o que parece uma miragem, após a assinatura do programa “nuclear” feito exclusivamente para uso “doméstico” ainda durante a administração Bush. Não deve ser nada atraente estar na praia com a DubaiChernobyl, ao virar da esquina.
De qualquer forma, a crise financeira que se instalou a nível global, iria ter (como já se vê) resultados imprevisíveis. Muitos investimentos, por falta de crédito, foram cancelados.
Tal como as pirâmides de Gizé, as MegaTowers permanecerão para a posteridade como empreendimentos faraónicos resultantes da estupidez humana. Isto, se os extremistas islâmicos não embirrarem com este tipo de projecto, que em nada se assemelha ao seu culto por tudo o que é medieval.

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