Pois é, passados 140 anos, a crise económica mantém-se e o défice de valores e cidadania também. Qualquer mísero cargo dá direito, na nossa provinciana sociedade, a um carro, a um motorista, a um telemóvel, a cartões e a uma secretária. Ninguém dá um passo sem andar de carro, mesmo que se alimente de sandes e cafés, viva numa barraca ou num condomínio de luxo. Para além de analfabetos e estúpidos, os portugueses são cagões. Preferem o perfume ao duche, o automóvel brilhante a uma casa decente, umas férias na República Dominicana a investir na educação dos filhos, montar falsas empresas a pagar impostos. Não conseguem entender que a fuga ao fisco não é uma vantagem competitiva, por isso, nunca iremos a lado nenhum, nem a pé, nem de autocarro.
E se é comum dizer-se que o exemplo vem de cima, nesta matéria, estamos conversados!
Portugal é paraíso dos humoristas e existem tantas graças sobre a classe política e empresarial que até se atropelam nas cabeças dos humoristas. Às tantas nem sabemos identificar se a Sit Down Comedy é brincadeira ou caso sério. Por isso é que, cada vez faz mais sentido o que Andy Warhol antecipou nos anos 70 "I don't know where the artificial stops and the real starts".
Mas a classe política continuará a sorrir... os conselheiros de imagem ajeitarão as gravatas dos ministros e o cabelo das ministras, os empresários continuarão com os dedos entalados nos cofres das offshores, a pseudo monarquia vai manter a mesmíssima decrepitude geral, herdada através de séculos de consanguinidade, a esquerda revolucionária continuará a sofrer de miopia, estrabismo e cegueira ideológica e o Zé povinho, apesar de sofrer de herpes cerebral, fica feliz e realizado, desde que o SLB seja campeão.
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