Sebastião da Gama amava apaixonadamente a beleza da Arrábida. Descobrira-lhe todos os segredos, sabia qual era a melhor hora para estar na Mata do Solitário, para ver o mar em Alportuche, para subir ao Monte Abraão, para se isolar na Pedra da Anicha. Conhecia os tons do mar conforme o momento e o ponto de observação; sabia os sons da mata, de dia, de noite, conforme a direcção do vento. Quanto à solidão da Serra, durante muito tempo foi-lhe indispensável para a criação dos seus poemas. Creio que não há nenhuma poesia de Serra-Mãe que não fosse composta no Portinho ou na Serra.
Lindley Cintra, in Prefácio de "Serra-Mãe", de Sebastião da Gama
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