Se recuarmos à nossa adolescência, recordamos emoções únicas que nos arrepiam a pele, embrulham-nos o estômago em papel vertebral, provocam-nos insónias e alteram-nos o humor.
Quando chegamos ao “turning point” da nossa vida, por muito que mantenhamos rejuvenescido o espírito, a verdade é que uma grande parte dessas emoções desaparecem, embora a persistência do nosso subconsciente teime em mantê-las no limbo do nosso quotidiano.
A vida obriga-nos a uma rotina, onde muitos detalhes acabam por ser mecanizados. Um beijo lânguido e profundo que, na adolescência era capaz de nos transportar para uma dimensão paralela, espelha no seio de uma relação a dois, uma serenidade que, muitas vezes, acabamos por confundir com marasmo, rotina ou falta de paixão.
O grande problema é que, à medida que envelhecemos, temos uma necessidade compulsiva de nos sentirmos vivos, pois o nosso ego torna-se ávido, precisando de ser saciado amiúde.
Paradoxalmente, é bom e mau, faz-nos felizes mas vazios, mantem-nos vivos e morremos aos poucos porque perdemos a capacidade de gerir emocionalmente a situação.
Na gestão de sentimentos somos péssimos profissionais e frequentemente, o balancete do deve/haver toma proporções de autêntica bancarrota.
2 comentários:
É a crise, minha amiga...
A culpa desse buraco nas contas só pode ser culpa do Sócrates, esse pinga-amor...
És capaz de ter razão, em tempos de crise, o mercado dos afectos está em baixa cotação!
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