domingo, 12 de dezembro de 2010

The Love Equation


O amor romântico é como um traje que, como não é eterno, dura tanto quanto dura; e, em breve, sob a veste do ideal que formámos, que se esfacela, surge o corpo real da pessoa humana, em que o vestimos. O amor romântico, portanto, é um caminho de desilusão. Só o não é quando a desilusão, aceite desde o príncipio, decide variar de ideal constantemente, tecer constantemente nas oficinas da alma, novos trajes, com que constantemente se renove o aspecto da criatura, por eles vestida.

Nunca amamos ninguém. Amamos, tão somente, a ideia que fazemos de alguém. É um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos. Isso é verdade em toda a escala do amor. No amor sexual buscamos um prazer nosso dado por intermédio de um corpo estranho. No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa.

"Livro do desassossego" - Fernando Pessoa


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